Justiça determina transferência de jovens de abrigo em Ourinhos
quarta-feira, 12 de junho de 2013A Justiça mandou transferir crianças e adolescentes atendidos no Lar Santo Antônio da cidade Ourinhos. A entidade está envolvida em denúncias graves, como agressão a internos e até suposto abuso sexual. Agora, o caso chega à Câmara Municipal de Ourinhos que quer saber onde foram parar os repasses milionários da saúde e quais eram os médicos que atendiam os internos.
O processo de interdição do Lar Santo Antônio, iniciado há mais de dois meses, tem a missão de buscar recuperar a credibilidade da instituição envolvida em denúncias de má administração e agressões a adolescentes que estão sendo investigadas na Justiça. “É momento complicado, desafiador, porque o mais importante é mandar a integridade dos jovens atendidos no Lar”, destaca Maria Aparecida Finotti Oliveira.
O lar, que leva o nome do Santo que se dedicava aos pobres e as pessoas mais necessitadas, passou a ser alvo de denúncias no final de março. Conselheiros municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente de Ourinhos apontaram supostas irregularidades na administração de recursos e nas instalações da instituição. Além disso, internos seriam agredidos por funcionários. Depoimentos fortes que chegaram ao Ministério Público. “Eles já chegam batendo em todo mundo e ninguém faz nada”, afirma um dos jovens atendidos.
Após denúncias, a Justiça determinou a interdição do lar e nomeou um interventor para assumir a direção da entidade. “Nesse processo tem uma característica importante. Nós estamos de uma forma objetiva tentando reabilitar o lar Santo Antônio para fortalecer a entidade. Aqui existe devido a necessidade da sociedade. Os adolescente que foram negligenciados e sofreram abusos precisam desse espaço mas tem uma parte da sociedade que briga contra isso. Mas e se fôssemos negligenciados também? Para onde iríamos ? Essa criança faz parte da sociedade que vivemos e precisamos fazer algo para melhor”, explica o interventor Luís Antônio da Cruz Argolo.
Dos 19 jovens que moravam no lar, 15 voltaram a viver com suas famílias ou foram transferidos para instituições em suas cidades natais. Apenas quatro adolescentes permanecem no lar que deverá passar a funcionar em outro imóvel na Cidade Ourinhos. Em breve este prédio que abrigou jovens desde será desativado. “Esse local foi construído em 1950 num período que estava em vigência uma legislação que o estado interferia na vida da família e hoje não. O processo é diferente, a lei que fala sobre abrigo e o Estatuto da Criança recomenda que crianças sejam atendidas em espaço menores, com cara de casa. Aqui é muito aberto”, completa o interventor.
As denúncias contra a antiga administração são investigadas também pelo Ministério Público Federal. Com base em informações do Diário Oficial do município a Câmara de Ourinhos também pretende entrar no caso. A intenção é saber se o dinheiro repassado à instituição foi aplicado corretamente.
Um levantamento nas contas do lar mostra que em 2012 a receita do abrigo foi superior a R$ 2 milhões. Cerca de R$ 1 milhão foi usado no pagamento do salário de funcionários. O presidente da câmara deve propor a abertura de uma CPI para investigar o uso dos recursos repassados ao lar pela União, pelo estado e pelo município.
Fonte: G1